Sabe quando eu mais sinto tua falta?
Quando abro o portão da minha casa e me lembro que você não está em casa, brincando com as cachorras, pronto para aparecer na porta e me oferecer um sorriso e um beijo de boas-vindas. Esse episódio já aconteceu três vezes na última semana; cada uma delas me atravessou de uma forma diferente. Na primeira vieram as lágrimas, na segunda veio um calor no coração, na terceira, o vazio.
Tem sido difícil não ter você na minha vida. Há um mundo de lembranças que vem e vão, em vão talvez - porque o passado não volta mais. As memórias me atormentam, causam um vulcão de sentimentos, fazem meu coração transbordar quase na mesma intensidade que as lágrimas escorrem dos meus olhos.
Sofro por amor e pela falta dele. Choro por afeto e pela falta dele. Me arrepio pelas palavras e por tudo que não foi dito.
Caminho na dualidade.
Sei com propriedade que nossos atos podem adoecer o outro, uma relação e nós mesmos. Eu me responsabilizo por adoecer nosso amor, mas não estou sozinha. Eu me responsabilizaria por sarar o nosso amor, mas tampouco posso estar sozinha.
E agora?
Por enquanto, sem certezas sobre nós, busco o caminho até mim mesma. Sei que conseguir me escolher ainda é difícil; que escolher uma solitude pacífica ainda não faz sentido se posso viver o calor de milhares de bombas de amor. Mas é necessário. Não posso mais viver nesse tipo de dualidade. Tudo é duo, mas a dualidade da nossa relação é desconcertante, me desorganiza, me revira e me transforma em alguém que eu não quero ser.
Com a alma debulhada em dor, te digo que preciso aprender a amar o pé de amora que encontrei ontem no jardim por quem ele é e pelas oportunidades que ele traz para mim, só para mim (ainda que ele me lembre você). Preciso deixar que ele me ensine a retomar meu amor por mim mesma, apesar de você.
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