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carnavalizei

  • Foto do escritor: Carolina Schäffer
    Carolina Schäffer
  • 2 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 25 de mar.

Não era sexta, mas talvez fosse 13.

Já era o meio de um dia de fervor.

Bem ali, na Praça de São Pedro, eu sentia o calor de Olinda pulsar dos meus lados, de cima, debaixo, dentro e fora de mim.

Estava na concentração de um bloco.

A espera do próximo frevo.

A multidão sorria, pulava, cantava.

Era carnaval.

Eu pescava.

Sorrisos.

Olhares.

Canções.

Histórias.

Me perdia em pensamentos.

Me encontrava em sentimentos.

Criava instantes.

Revivia memórias.

Vivia surpresas.

Buscava sem de fato buscar.

Buscava tudo, menos você.

Daí, de repente, tu apareceu.

Cruzou meu caminho, mas parou diante de mim.

Colou teu corpo no meu.

Me notou e, num instante, me viu inteira.

Você olhou fundo nos meus olhos, e tive a sensação de que tu me olhava de verdade.

Em silêncio, tu se perdia em mim na mesma precisão em que eu me perdia em ti.

Tua beleza me desnorteou.

Quando vi, tu me beijou e aquele beijo talvez tenha sido a melhor coisa dos últimos tempos.

Melhor que o beijo foi ver tua cara reluzindo com o glitter que você tinha, sem querer, roubado de mim.

Tu cintilava micro arco-íris que combinavam com a cor dos teus olhos verdes, quase no mesmo tom dos meus.

Um sorriso.

Mais um beijo.

Mais um olhar cintilante.

Tu me colocou nos ombros e disse que não ia me largar. Me carregou por uns metros porque queria me apresentar para alguém. Eu ri.

Tu me olhava e me beijava e olhava de novo e beijava de novo.

Os beijos foram um suspiro.

E ali, no meio do frevo, eu me apaixonei por uma nova forma de ser.

Uma que quero para a vida.

E sei que não vai ser com você.

Ser assim, intensa, feliz, leve, cheia de querer, cheia de sabor, com entrega, sem medo de se mostrar, sem medo de ver. Olho no olho.

E de preferência reluzindo arco-íris.


Obrigada, carnaval.



 
 
 

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